domingo, 26 de junho de 2011

minha primeira poesia

veio com ilustração.

a vovó é bonita / a vaca é feia / ivo viu a buzina / o feijão é meu



quinta-feira, 23 de junho de 2011

1996

arrumando minhas coisas, quase deixando a casa pa-materna, me deparo com caixas, quilos, litros e metros de papeis guardados. deveres, redações, dislexias. achei uma carta que ia mandar para o zózimo. com 14 anos fiquei muito indignada com ele. ele havia chamado a esposa do jogador túlio de "entulho" em sua coluna. minha mãe corrigiu minha carta e ainda acrescentou um comentário. hahahaha.
sempre fui assim. isso nunca me desgastou. é bobo. mas também me emociona achar essa carta, 15 anos depois. hahahahaha. que engraçado.

é só clicar aqui. e depois ir clicando nas fotos à esquerda.

domingo, 19 de junho de 2011

soños

meu texto para o ornitorrinco#7

quarta: sonhei que eu estava na frança. mas era cabo frio. um rapaz de um albergue dança comigo, me chama de querida, mas logo chega a namorada dele. eu aceito, sorrio e me despeço. saio andando só. no meio do caminho uma feirinha, várias barracas. tio junior aparece e diz que vai me dar a chave. eu queria ir ao mediterrâneo. da feirinha eu sentia o cheiro do mar. saio andando de novo. muita gente na rua. um homem me para no meio do caminho, tenta me flertar. sou bem grossa e digo SAI DA MINHA FRENTE. chego ao mar. não há ninguém dentro d'água, todos na areia. eu entro. e tomo um choque. não sei se pela água gelada ou pelos peixes elétricos que vejo. nisso, lucas chega com uma bandeja de café da manhã. meu pai insiste pra eu ver um filme onde um golfinho engole uma criança. eu digo nãããão.



quinta: sonhei com uma orquestra. acho que o lucas tocava. teatro antigo. eu ficava admirando e ele saía do palco numa bicicleta. um amigo que não vejo há tempos cospe cerveja em mim. somos expulsos do teatro. na rua, em frente à uma farmácia, um touro solto pega uma menina, coitada.



sexta: estou na casa da tia martha, as pessoas estão muito bêbadas, um clima estranho. um homem quer me levar em casa. climão. acordo com o lucas no rio comprido. quebro um copo e depois faço esteira. resolvo me fantasiar de cher em "minha mãe é uma sereia". vou numa festa à fantasia. keli e fabrício estão de suicidas. eu estou de cléopatra. me prendem de verdade no final da festa. mó merda.



sábado: dois amigos meus alucinados correndo em volta de uma árvore, não falam lé com cré. entro numa lei seca no sítio em teresópolis. meu ex namorado entra num bad trip absurda. eu quase entro numa, estou meio louca. lucas vai tocar num casamento. eu resolvo cantar "con toda palabra" da lhasa de sela. fico normal quando canto. depois estou no hospital. vou operar minhas varizes. bebo muito líquido. tem uma menininha do lado da minha cama linda. branquinha com pintinhas. eu digo: "você tem duas pintinhas em formato de coração". do nada ela vira um demônio e começa a gritar: "mija em mim!".



domingo: resolvo entrar na faculdade. sou bem recebida. os alunos me cheiram. sexual. tenho que fazer um trabalho com título DAIMOKO (nota da autora: nunca soube o que essa palavra significava). depois faço xixi, uma menina abre a porta. tenta fazer um filme. depois ouço minha música num estúdio. percebemos que alguém atira num jacaré. mas logo percebe-se que a pessoa matou o jacaré errado, pois dentro desse jacaré morto estava a marília gabriela, que agora também está morta.



segunda: lucas e eu num parque aquático. existe um trato: se você quiser mergulhar com os tubarões, eles podem te matar, mas você ganha uma garantia de que volta ao mundo, mesmo depois de morrer. resolvemos arriscar. mergulhamos com os tubarões. morremos. e voltamos ao mundo. estou no sítio. a casa tem formato de navio. meu pai aparece e eu tomo um susto pois achei que ele já tinha morrido. chego perto dele e digo: "pai, depois que você morreu, eu te vejo muito aqui na pedra do lago". depois descubro que o ator que faz o ross de "friends" também morreu.



terça: é hoje

sexta-feira, 17 de junho de 2011

mas há também feiúra



2008: 22 dias viajando, sem amor-sexo, álcool, amigos. conhecendo lugares, mas A TRABALHO. cansada, muito cansada. queria voltar para o aniversário do lucas. a produtora errou a data. fomos ao aeroporto de santiago, era só pro dia seguinte. nesse dia, em menos de 24 horas passamos em 4 países: uruguai-argentina-chile-brasil. eu menstruei. essa minha cara foi depois de saber que eu não ia embarcar naquela hora

do ombro, sai um coração ou eva, a alta

terça-feira, 14 de junho de 2011

solário

tem tempo que eu não pego sol. isso não significa inverno. é trabalho. pela primeira vez na vida observo a cor do meu corpo ser da cor do meu peito. no fundo-no fundo, sou branquela. nascida galega. mas minha bisavô paterna era mulata. agradeço a bocona, a crina difícil, nem tanto. sempre morei em bairro afastado do burburinho cultural, mas sempre tive piscina. sempre tive marca de biquini. quando sozinha, pegava sol nua, e o mais próximo dessa sensação é o de mergulhar nua. a água invade diretamente partes eróticas e sempre tão protegidas. e água é amor. encostando então, que amor. mas sempre fui corada, mesmo não sendo garota de ipanema. sempre tive um bronze. agora, trabalhando, produzindo o CUPRAFORA, e só me utilizo de tal expressão chula pra que meu suor seja reconhecido, ando branca, zumbi. leite condensado. o homem que me ama repara. "sua cor tá igual ao seu peito". achei bonito. posso dizer europeu? posso rir? hahahahaha. as olheiras e varizes faciais aparecem bem mais. mas a seriedade cria caule num rosto que sempre foi meu. eu, que sempre fui dada aos sorrisos, vou deixando o poder solar pro coração. não petrifico tal gelo, mas viro nobre numa levantada de queixo ao céu. eu sempre terei as férias.

domingo, 5 de junho de 2011

texto pro ornitorrinco sobre cinema

Diaba
(ou Tentei)


A primeira vez que eu fui ao cinema ou a primeira vez que eu lembro de ter ido ao cinema, foi a Kátia que nos levou. Eu, Bernardo e Léo, meus dois irmãos mais velhos. Se você não me conhece, dizer isso: “meus 2 irmãos mais velhos”, sempre ajuda um pouco. A Kátia foi nossa empregada durante 10 anos, mas ela era muito esperta e minha mãe sabia disso e a ajudou a abrir uma padaria lá na Fazenda Botafogo. Sabe onde é? É longe de onde você mora. Nós fomos à inauguração. Foi emocionante e as pessoas olhavam muito pra gente. Mas sim, a primeira ida ao cinema. Era o Carioca, o maior cinema da Tijuca. Escadaria, mármore, cortinas, codiloco. Eu fui carregada. Não me questionaram. Sentei ao lado da Kátia. Talvez pipocas, talvez Mentex. Era “A lenda”, um lance floresta mística, fadas, unicórnios, mas nem por isso, era um filme pra criança. Pois lá pelas tantas, SURGE o diabo. O demônio. O diabo mais diabo de toda a história da minha vida de 5 anos. Só lembro que comecei a chorar e não parei. As outras crianças ou adultos começaram a fazer “SHHHHHHHHHHHH” e Kátia me levou pra fora, tomar um picolé de limão, tentar esquecer a visão do monstro. Nunca mais dormi sem botar as mãos nos ombros e comecei a precisar de abajour. Depois fui pra rir com os Trapalhões, minha mãe arriscou a própria sanidade e a minha, me levando pra ver coisas como “Léolo”, com 9 anos; veio a escola, veio a identidade falsa pra ver “Cassino” e eu nunca mais ouvi tanto FUCK na vida; veio a primeira tentativa de beijo, veio também um tarado que botou o pau pra fora e bateu uma do meu lado (eu nunca tinha visto um pau duro na vida, eu tinha 16 anos). Ao invés de ir embora correndo, como minha prima sugeriu, eu sentei atrás dele e comecei a chutar a cadeira. Eu tenho dois irmãos mais velhos. O filme? “Melhor Impossível”. Veio o shopping center, veio a pipoca de microondas, veio o fim da Tijuca. Fui ao cinema sozinha. Não chorei em alguns finais, mas bem chorei no metrô das 23:47. Esse eu lembro bem, foi “Céu de Suely”. Teve também “Luz silenciosa”, onde Lucas e eu nos entregamos de tal maneira, que ficamos suspensos, atordoados. Um casal ao lado comentava em voz alta sobre uma cena “QUE RIDÍCULO”. Semi cortaram nossa catarse. Comecei a cuspir no chão deles. Cuspi, cuspi. Cuspi no chão do Laura Alvim, perdão. O filme acabou e fomos em direção ao mar tentar nos acalmar. Um carro passou quase nos atropelando, era o casal COMENTARISTA-CORTADOR-DE-ONDA do cinema. Perguntaram “Que porra é essa de ficar cuspindo?” Nós não falamos nada e mostramos nosso rosto. Nosso rosto afetado pelo cinema. Eles saíram sem cantar pneu. Sorte no cinema. Eu gosto dessa frase. É raro, mas quando é, nossa. Veio muita coisa. E com medo de ser chata, nostálgica e repetitiva, termino do começo. Aluguei “A lenda” ano passado. Com Lucas, claro, sozinha seria assombroso rever. Fui para o sítio, o que poderia aumentar o medo, e revi o diabo. Não tive medo, fiquei feito louca, fascinada com o ator. Faltou contar também do dia do rato no cinema, do menino com bafo, da primeira vez que vi minha cara no Odeon, do filme 3D sobre o espaço no museu de ciência de Londres, da comédia romântica que eu faço a melhor-amiga da personagem da Cléo Pires e estréia (acentuarei pra sempre) agora dia 10 de junho. Chama "Qualquer gato vira-lata". De punheteiros na Tijuca até uma estréia no Le Blond, posso até dizer que tô bem, né? Sorte no cinema.